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Entre Costuras - Família Cotelê

  • Foto do escritor: Marília Mattos
    Marília Mattos
  • 27 de abr. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 16 de jan.

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Texto publicado originalmente em 27/04/2024 no Instagram @manola14.


Espetáculo Entre Costuras da Família Cotelê no Pq Raphael Lazzuri - 27 de abril de 2024.


Eu fui para assistir porque vi na rede social, mas chegando ali, vi um clima de quem está em casa, com os artistas terminando de afinar os detalhes e o público aos pouquinhos se aconchegando para pegar os melhores lugares antes mesmo de começar. Fiquei pensando sobre uma coisa muito bonita na criação de vínculo local. Você constrói num pacto silencioso que quer estar ali, junto, e que vai acontecer se o outro quiser também. E nessa sinergia de público e artistas, num combinado tácito de querer passar aquele tempo vibrando, rindo, com medo, e deslumbrados, fui sendo convidada a assistir não apenas o espetáculo - que tem uma estética que borda história de vida, destreza e sensibilidade – mas ao acontecimento histórico de quem semana a semana voltou no mesmo parque, com o mesmo espetáculo, e que com o trabalho consistente de um escultor, que onde a gente vê pedra ele vê caminho, o parque e o espetáculo vão se transformando, e contaminando um do outro, virando um novo parque e um novo espetáculo. As habilidades que envolvem precisão no lançamento de pião e equilíbrios em pequenos e frágeis objetos, culminam na suspensão absoluta quando os artistas param em duas extremidades de num imenso filão de madeira para iniciar um suave balanço que vira dança e que faz os olhos escorrerem águas sem nome. O espetáculo acontece despretensiosamente, convidando a quem estiver passando por ali. E como toda peça nova, tem sempre um ajuste aqui e ali que um ponto a mão daria conta de resolver. Mas falta tempo e lembrança pra resolver esses pequenos detalhes, que também são esquecidos, porque de longe nem se nota. É mais no olhar minucioso que ele aparece, e trazem um vislumbre de humanidade a esses artistas que se entregam em cena. É neste lugar que os artistas e o público foram se atravessando para arrematar na coisa mais bonita do circo: o encontro.


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Há um tempo sinto vontade de escrever sobre espetáculos de circo. Sinto que elaborar sobre nos fortalece enquanto classe e também como artistas. Para começar, escolhi falar de um corre que me fortalece e alimenta, nas redes e também no presencial - porque eu como produtora de conteúdo que sou, percebo o quanto da pra contar histórias bonitas por aqui que não condizem com a realidade da vivência, concreta, presencial. Então vou admirando de longe, e faço o movimento de me aproximar para averiguar se o que eu vejo online está lá também fora das redes digitais. Fiquei feliz de estar presente e fui elaborando por muitos dias até pensar que faria sentido dar mais visibilidade a coisas que me interessam enquanto construção de mundo. Por isso fui assistir e recomendo. Vão assistir e conhecer a Família Cotelê . Eu não sou apenas amiga da Palhaça Arguta, mas também fã do trabalho e acredito que podemos falar com criticidade do que a gente gosta. Não isenta, porque isenta não sou, nem tenho intenção de ser. Tenho claro o lado que estou, e o propósito a que isso serve dentro de mim. Se você achou massa, ficaria feliz se além de curtir você seguisse esse diálogo. Bora falar de arte de rua.

 
 
 

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